FRASE DA SEMANA

FRASE DA SEMANA

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Tudo o que é prioridade sai do papel!



Ter compartilhado as breves e romantizadas biografias dos heróis da fé que estão no livro de Orlando Boyer, "Heróis da fé", foi motivo de grande inspiração para mim.

Muitas coisas em comum haviam entre eles, mas ainda assim me impressionava a cada relato, a cada peculiaridade que um apresentava.

Ciente de que são mortais, falhos e limitados assim como eu, atentava sempre ao que Jesus fazia através de suas vidas e como buscavam o Eterno Salvador por meio de horas em oração e consagração total a Ele. Viagens extremamente longas que rasgavam os oceanos, intenso calor ou frio, noites de sono interrompidas para que joelhos vacilantes se tornassem fortes na busca intensa pelo Senhor ... homens que experimentaram muito de Deus porque buscaram muito a Deus!

Aquilo que plantamos, colhemos! Se semeamos coisas na carne e para a carne, colheremos todas as mazelas da carne, mas se, como cidadãos do céu ansiamos apenas as coisas celestiais, do fruto eterno desfrutaremos constantemente! Veja o que está registrado em Filipenses 3:20:

"A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo." 

Esses grandes homens de séculos passados desejavam nada além da presença do Senhor e se não fosse isso, fracassariam tão precocemente diante de muitas perseguições e privações que sofreram.

Uma pergunta que me invadiu diariamente foi: "Será que conseguimos dedicar tanto tempo a Deus como esses irmãos dedicavam, mesmo com realidades atuais tão distintas?"

Claro que as nossas atitudes, o nosso comportamento pode e deve ser um louvor a Deus, pode e deve ser uma adoração a Deus. O jeito como tratamos as pessoas, o testemunho que damos nos locais onde estudamos e trabalhamos, tudo isso é uma constante entrega a Deus, mas eu falo de um tempo específico de oração, sabe aquele "só Deus e eu", aquele tempo de entrega, de fechar a porta do quarto e mal abrir a boca e já começar a sentir arrepios. Três horas por dia? Cinco? Sete? Dez? As duas primeiras horas do dia dedicada a muita oração e estudo da Palavra? Hoje é possível?

Sim. É possível! Tudo o que é prioridade sai do papel. Tudo o que é prioridade deixa de ser apenas uma vontade. As horas do dia que dedicamos a isso ou àquilo refletem aonde está de fato o que é mais importante para nós.

Talvez a quantidade não seja importante, e sim a qualidade, mas por quê não dizer que o tempo dedicado revela, de fato, a nossa intensidade nessa busca?

Interessante esses dias também foi um comentário que ouvi de um professor muito querido. Ele disse que o livro "Heróis da fé" é romantizado e, por mais que fosse uma bênção, teríamos que conseguir um ponto de equilíbrio na leitura, até porque todas as biografias são de homens que erraram e que tiveram momentos difíceis e tomaram decisões erradas, assim como nós. 

Eu concordei e concordo plenamente com ele. Contudo, olhando pelo ponto de vista de que muitos líderes cristãos nos fazem sentir vergonha pela maneira tão cruel e leviana com que tem tratado a Palavra de Deus, creio ser interessante compartilharmos esse romantismo sim. Romantismo não significa ilusão, ou exagero, ou mentira, ou fantasia, apenas romantismo. Dá cor à vida cristã! Precisamos ser românticos em tudo aquilo que se relaciona a uma vida com Deus.

Por fim, não desejo ser como nenhum deles. Desejo apenas ser como Jesus, dia após dia. Porém, quero sim buscar ao meu Senhor com a mesma intensidade e ousadia com que buscavam.

Com isso eu pergunto: permaneceremos na mediocridade?

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Jonathan Goforth (1859-1936)




Quando ainda jovem, Jonathan Goforth adotou as palavras de Zacarias 4:6 como lema da sua vida: "Não por força nem por violência, mas pelo meu espírito, diz o Senhor dos Exércitos".

Minha mãe, quando eu e meus irmãos éramos ainda crianças, com desvelo incessante, nos ensinava as Escrituras e orava conosco. Uma coisa que teve grande influência sobre a minha vida foi o fato de minha mãe me pedir que lesse os salmos para ela em voz alta. Tinha apenas 5 anos quando comecei a fazer esse exercício, e achei a leitura fácil. Com a continuação, adquiri o costume de decorar as Escrituras, coisa que continuei a fazer grande proveito.

A Bíblia era o seu livro predileto, e costumava levantar-se duas horas mais cedo para estudar as Escrituras, antes de se ocupar em qualquer outro serviço do dia.

Um missionário veterano assim aconselhou a Goforth: "Os chineses têm tantos preconceitos contra o nome de Jesus, que você deve esforçar-se para demolir os deuses falsos e só depois mencionar o nome de Jesus, se houver oportunidade". Ao contar isso à sua esposa, Goforth exclamou indignado: "Nunca! Nunca! Nunca!" Em nenhum tempo ele se levantou para pregar sem a Bíblia aberta na mão.

Para manejar a "Espada do Espírito" com grande execução, Goforth a "afiava", estudando-a diariamente, sem falhar. Em vez de falar contra os ídolos, ele exaltava a Cristo crucificado. Isso atraía os pecadores a deixarem as suas vaidades.

Não se devem pensar que esses missionários escaparam de grandes tribulações. Não muito depois de chegarem à China, um incêndio destruiu todas as suas possessões terrestres.

Goforth teve um grande desapontamento ao chegar à Manchúria: os crentes não oravam como lhe prometeram fazer e a igreja estava dividida! Depois do primeiro culto, ele, sozinho no seu quarto, caiu de joelhos em desespero. E Deus respondeu à sua insistência, enviando tão grande desejo de oração às igrejas e tão profunda contrição pelo pecado, que elas não somente foram purificadas de toda classe de pecado, inclusive dos mais horrendos crimes, mas os perdidos, em grande número, vinham e eram salvos.


(trecho extraído literalmente do livro "Heróis da fé". Orlando Boyer. Ed: CPAD. 48ª impressão / Janeiro 2013. pgs. 229 a 246)

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Dwight Lyman Moody (1837-1899)






Ao contemplar o êxito de Dwight L. Moody, somos constrangidos a acrescentar: Quem pode calcular as possibilidades de um filho criado num lar onde os pais amam sinceramente ao Pai Celestial ao ponto de chamar diariamente todos os filhos para escutarem a sua voz na leitura da Bíblia e reverentemente clamarem a Ele em oração?

Certo domingo, visitou uma Escola Dominical em outra rua. Pediu permissão para ensinar também a uma classe. O dirigente respondeu: "Há doze professores e dezesseis alunos, porém o senhor pode ensinar todos os alunos que conseguir trazer à escola". Foi grande a surpresa de todos quando Moody, no domingo seguinte, entrou com dezoito meninos de rua, sem chapéu, descalços e de roupa suja e esfarrapada, mas como eles disse: "Todos com uma alma para ser salva". 

Ao mesmo tempo em que Moody se aplicava à Escola Dominical com tais resultados, esforçava-se também no comércio, todos os dias. O grande alvo da sua vida era vir a ser um dos principais comerciantes do mundo, um multimilionário. Não tinha mais de 23 anos e já havia conseguido juntar 7 mil dólares! Mas seu Salvador tinha um plano ainda mais nobre para seu servo.

Moody, mais tarde, confessou:

Eu não sabia o preço que tinha de pagar, como resultado de haver participado na evangelização individual das moças. Perdi todo o jeito de negociar; não tinha mais interesse no comércio. Experimentara um outro mundo e não mais queria ganhar dinheiro... Oh! delícia, a de levar uma alma das trevas deste mundo à gloriosa luz e liberdade do Evangelho!

Então, não muito tempo depois de casar-se, com a idade de 24 anos, Moody deixou um bom emprego cujo salário era de 5 mil dólares por ano, um salário fabuloso naquele tempo, para trabalhar todos os dias no serviço de Cristo, sem ter promessa de receber um único cêntimo.

Não desejava métodos sensacionais, mas usou os mesmos métodos humildes até o fim da vida: sermão dirigido direto aos ouvintes; aplicação prática da mensagem do Evangelho à necessidade individual; solos cantados sob a unção do Espírito; apelo para que o perdido se entregasse imediatamente; uma sala ao lado, para onde levava os que se achavam em "dificuldades" em aceitar a Cristo; estímulo a que os slavos trabalhassem entre os "interessados" e recém-convertidos; uma hora de oração ao meio-dia, diariamente, e cultos que duravam dias inteiros.

Vale acrescentar aqui o seguinte: "As diferenças entre as denominações quase desapareceram. Pregadores de todas as igrejas cooperavam numa plataforma comum para a salvação dos perdidos. Abriram-se de novo as Bíblias e houve um grande interesse pelo estudo da Palavra de Deus".

Foi assim que uma pessoa que o conhecia intimamente descreveu sua personalidade:

Creio que era a pessoa mais humilde que jamais conheci... Ele não fingia humildade. No íntimo do seu coração rebaixava-se a si mesmo e superestimava os outros. Ele engrandecia outros homens, e, sempre que possível, arranjava para que eles pregassem. Fazia tudo para não aparecer.

As anotações de R. A. Torrey também dão conta de como Moody era mesmo um estudante incansável:

Todos os dias da sua vida, até o fim, segundo creio, ele se levantava muito cedo de manhã para meditar na Palavra de Deus. Costumava deixar sua cama às 4 horas da madrugada, mais ou menos, para estudar a Bíblia. Um dia ele me disse: "Para estudar, preciso me levantar antes que as outras pessoas acordem". Ele se fechava num quarto afastado do resto da família, sozinho com a sua Bíblia e com o seu Deus.
Pode-se falar em poder, porém, ai do homem que negligenciar o único Livro dado por Deus, que serve de instrumento por meio do qual Ele dá e exerce seu poder. Um homem pode ler inúmeros livros e assistir a grandes convenções; pode promover reuniões de oração que durem noites inteiras, suplicando o poder do Espírito Santo, mas se tal homem não permanecer em contato íntimo e constante com o único Livro, a Bíblia, não lhe será concedido o poder. Se já tem alguma força, não conseguirá mantê-la, senão pelo estudo diário, sério e intenso desse Livro.


(trecho extraído literalmente do livro "Heróis da fé". Orlando Boyer. Ed: CPAD. 48ª impressão / Janeiro 2013. pgs. 207 a 227)

domingo, 15 de setembro de 2013

Pastor Hsi (1836 - 1896)





O tempo que outrora passava preparando e fumando o ópio, ele agora o empregava nas práticas, para eles estranhas, da nova religião. Dia e noite o recém-convertido se aplicava ao estudo dos "livros dos estrangeiros". Às vezes cantava de uma maneira singular e outras vezes de joelhos e, com os olhos fechados, falava ao "Deus dos estrangeiros", o Deus que ninguém via e que não tinha santuário para localizar-se.

Dia após dia a senhora Hsi notava a grande transformação na vida do marido e começou a abandonar o intenso ódio que sentiu quando ele se converteu. Quando acordava à noite, via-o absorto, lendo o precioso Livro dos livros, ou ajoelhado, suplicando ao Deus invisível, que sentia estar presente. A persistência do homem em reunir todos os membros da família, diariamente, para os cultos estranhos foi tal, que ganhou, também, sua esposa para Cristo.

Para ele o poder de Cristo era igualmente real, e Hsi saía mais que vencedor em todas as dificuldades. Considerava a oração indispensável e, não muito depois de se converter, chegou a reconhecer o valor de jejuar para melhor orar.

Durante algum tempo o inimigo das almas parecia invencível. A senhora Hsi, apesar de todas as orações dos crentes, continuava a definhar, ficando quase sem forças. 

Depois de orarem três dias e três noites seguidas, em jejum, Hsi, sentindo-se fraco no físico, mas forte no espírito, pôs as mãos sobre a cabeça da esposa e ordenou, em nome de Jesus, que os espíritos imundos saíssem para nunca mais a atormentarem. A cura da senhora Hsi foi tão notável e completa que houve grande repercussão em toda a cidade.

Em resposta à oração desse humilde crente, o Senhor cooperava com ele e confirmava a Palavra com sinais, como em Samaria, Lida, e outros lugares nos tempos dos apóstolos. E, tal qual os tempos antigos, homens e mulheres, ao verem o poder de Deus, convertiam-se ao Senhor.

A perseguição, entretanto, se tornou mais e mais severa até que, por fim, o povo planejou, ao tempo de uma grande festa pagã, passar corda por cima dos caibros dos templos idólatras e pendurar todos os crentes pelas mãos até que se retratassem e negassem a fé na "religião dos estrangeiros".

Hsi, com o passar do tempo, sentia-se descontente; os crentes não se desenvolviam como ele esperava. As pequenas igrejas, apesar de todos os seus esforços para alimentá-las, não cresciam e, com qualquer perturbação, grande número de crentes se desviava da fé.

Quanto mais o pastor Hsi orava, tanto mais Deus aumentava a obra; e quanto mais crescia a obra, tanto mais ele sentia o anelo de orar. Em vez de ficar escravizado pelas inumeráveis obrigações, deliberadamente dedicava horas, e mesmo dias, frequentemente em jejum, para orar perante o Senhor a fim de saber a sua vontade e receber da sua plenitude.

Durante sua vida terrena, entregou tudo ao Senhor. Para ele, não existia coisa demasiado preciosa que não pudesse usar para o seu Jesus. Não havia labor árduo demais, se não pudesse ganhar uma alma pela qual seu Salvador morrera. Nunca encontrou "cruz" pesada, se pudesse levá-la por amor de Cristo. Jamais julgou o caminho difícil, tratando de seguir as pisadas de seu Mestre.

A obra pioneira que deixou em Chao-ch'eng, Teng-ts'uen, Hoh-chau, Tai-yuan, Ping-yang, e dezenas de outros lugares, é como pujante fortaleza e como resplandecente farol - dissipando as trevas do paganismo na China.


(trecho extraído literalmente do livro "Heróis da fé". Orlando Boyer. Ed: CPAD. 48ª impressão / Janeiro 2013. pgs. 197 a 206)

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Charles Spurgeon (1834 - 1892)






Charles, quando ainda criança, interessava-se pela leitura de O Peregrino, pela história dos mártires e por diversas obras de teologia. É impossível calcular a influência dessas obras sobre a sua vida.

Aproveitava todas as oportunidades para distribuir folhetos. Também entregava-se de todo o coração a ensinar na Escola Dominical. Com a idade de 16 anos começou a pregar. Acerca desse fato, declarou: "Quantas vezes me foi concedido o privilégio de pregar na cozinha da casa de um agricultor, ou num celeiro!"

De um dia para outro, Spurgeon, o herói do sul de Londres, tornou-se um vulto de projeção mundial. Aceitou convites para pregar em cidades da Inglaterra, Escócia, Irlanda, Gales, Holanda e França. Pregava ao ar livre e nos maiores edifícios, em média oito a doze vezes por semana.

"É maravilhoso como o texto, duro como a pederneira, emite faíscas quando batido com o aço da oração". Quando mais velho, disse: "Orar acerca das Escrituras é como pisar uvas no lagar, trilhar trigo na eira ou extrair ouro do minério".

Acerca da vida familiar, Susana, a esposa de Spurgeon, assim escreveu:

Fazíamos culto doméstico, quer hospedados em um rancho nas serras, quer num suntuoso quarto de hotel na cidade. E a bendita presença de Cristo, que muitos crentes dizem impossível alcançar, era para ele a atmosfera natural; ele vivia e respirava nEle.

Além de pregar constantemente a grandes auditórios e de escrever tantos livros, esforçou-se em vários outros ramos de atividades. Inspirado pelo exemplo de George Muller, fundou e dirigiu o orfanato de Stockwell. Pediam a Deus e recebiam o necessário para levantar prédio após prédio e alimentar centenas de crianças desamparadas.

"O príncipe dos pregadores" era, antes de tudo, "o príncipe de joelhos".

Quando alguém perguntava a Spurgeon a explicação do poder na sua pregação, "o príncipe de joelhos" apontava para a loja que ficava sob o salão do Metropolitan Tabernacle e dizia:

Na sala que está embaixo, há trezentos crentes que sabem orar. Todas as vezes que prego eles se reúnem ali para sustentar-me as mãos, orando e suplicando ininterruptamente. Na sala que está sob os nosso pés é que se encontra a explicação do mistério dessas bênçãos.

Ainda sobre a oração, sua esposa deu este testemunho:

Ele dava muita importância à meia hora de oração que passava com Deus antes de começar o culto.

A vida de Spurgeon não era vida egoísta e de interesse próprio. Juntamente com sua esposa, fez os maiores sacrifícios para colocar livros espirituais nas mãos de um grande número de pregadores pobres, e ambos contribuíam constantemente para o sustento das viúvas e órfãos. Recebiam grandes somas de dinheiro, mas davam tudo para o progresso da obra de Deus.

Cristo era o segredo do seu poder. Cristo era o centro de tudo para ele; sempre e unicamente Cristo.


(trecho extraído literalmente do livro "Heróis da fé". Orlando Boyer. Ed: CPAD. 48ª impressão / Janeiro 2013. pgs. 187 a 195)

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Hudson Taylor (1832 - 1905)




Tiago Taylor, o pai de Hudson, não somente orava fervorosamente por seus cinco filhos, mas ensinou-os a pedirem detalhadamente a Deus todas as coisas. Ajoelhados, diariamente, ao lado da cama, o pai colocava o braço ao redor de cada um enquanto orava insistentemente por eles. Desejava que cada membro da família passasse, ao menos meia hora, todos os dias, perante Deus, renovando a alma por meio de oração e estudo das Escrituras.

A porta fechada do quarto da sua mãe, diariamente ao meio-dia, apesar das suas constantes e inumeráveis obrigações, tinha também grande influência sobre todos, pois sabiam que ela assim, se prostrava perante Deus para renovar suas forças, e para que o próximo se sentisse atraído ao Amigo invisível que habitava nela.

Não é de admirar, portanto, que, ao crescer, Hudson se consagrasse inteiramente a Deus. O grande segredo do seu incrível êxito é que em tudo que carecia, no sentido espiritual ou material, recorria a Deus e recebia dos tesouros infinitos.

E, como os leprosos no arraial dos siros, Hudson e sua irmã, Amélia, diziam: "Não fazemos bem; este dia é de boas novas, e nos calamos". Desistiram, pois, de assistir aos cultos aos domingos à noite e saíram para anunciar a mensagem, de casa em casa, entre as classes mais pobres da cidade.

A chamada de Deus, apesar de Hudson Taylor quase nunca a mencionar, ardia como um fogo dentro do seu coração.

Imagina, centenas de milhões de almas sem Deus, sem esperança, na China! Parece incrível; milhões de pessoas morrem dentro de um ano sem qualquer conforto do Evangelho!... Quase ninguém liga importância à China, onde habita cerca da quarta parte da raça humana... Ora por mim, querida Amélia, pedindo ao Senhor que me dê mais da mente de Cristo... Eu oro no armazém, na estrebaria, em qualquer canto onde posso estar sozinho com Deus. E Ele me concede tempos gloriosos...


Em 1º de março de 1854, Hudson Taylor, com a idade de 21 anos, conseguiu embarcar em Xangai.


Sobreveio-lhe, então, uma grande onda de saudade. Não havia amizade, nem conhecidos, nem qualquer pessoa em todo o país para saudá-lo bem-vindo, nem mesmo alguém que conhecesse seu nome.

Durante os primeiros três meses na China, distribuiu 1.800 Novos Testamentos e Evangelhos, e mais de 2 mil livros. Durante o ano de 1855, fez oito viagens - uma de trezentos quilômetros, subindo o rio Yang-tse. Em outra viagem visitou cinquenta e uma cidades onde nunca antes se ouvira a mensagem do Evangelho. Nessas viagens, foi sempre prevenido do perigo que corria a sua vida entre um povo que nunca tinha visto estrangeiros.

Para ganhar mais almas para Cristo, apesar da censura dos demais missionários, adotou o hábito de vestir-se como os chineses.

Mas uma das cruzes mais pesadas que o nosso herói teve de levar foi a falta de dinheiro, quando a missão que o enviara se achava sem recursos.

Em 20 de janeiro de 1858, Hudson Taylor casou-se com Maria Dyer, uma missionária de talento na China. Desse enlace nasceram cinco filhos. A casa em que moraram primeiro, na cidade de Ningpo, tornou-se depois o berço da famosa Missão no Interior da China.

Com seu espírito indômito, ao chegar à Inglaterra, iniciou imediatamente a tarefa de preparar um hinário e a revisão do Novo Testamento para os novos convertidos que deixara na China. Usando ainda o traje chinês, trabalhava tendo o mapa da China na parede e a Bíblia sempre aberta sobre a mesa. Depois de alimentar-se e fartar-se da Palavra de Deus, fitava o mapa, lembrando-se dos que não tinham tais riquezas. Todos os problemas, ele os levava a Deus; não havia coisa alguma demasiado grande, nem tão insignificante que não fosse deixada com o Senhor em oração.

Passava, às vezes, a manhã, outras vezes à tarde, em jejum e oração.

Com o lápis na mão, abriu a Bíblia e, enquanto as ondas do vasto mar batiam aos seus pés, escreveu as simples, mas memoráveis palavras: "Em 25 de junho de 1865, orei em Brighton pedindo vinte e quatro trabalhadores competentes e dispostos".

Não é de supor que satanás deixasse a Missão no Interior da China invadir seu território com vinte e quatro outros obreiros, sem incitar o povo a maior perseguição. Foram distribuídos em muitos lugares impressos atribuindo aos estrangeiros os mais horripilantes e bárbaros crimes, especialmente aos que propagavam a "religião de Jesus". Alvoroçaram-se cidades inteiras, e muitos dos missionários tiveram de abandonar tudo e fugir para escapar com vida.

Acerca de uma visita que lhe fez na China, certo missionário assim escreveu:

Nunca me esquecerei do gozo e da amável maneira com que me saudou. Conduziu-me logo para o "escritório" da Missão no Interior da China. Devo dizer que foi para mim uma surpresa, ou choque, ou ambas as coisas. Os "móveis" eram caixotes. Uma mesa estava coberta de inúmeros papéis e cartas. Ao lado do lume havia uma cama, bem arrumada, tendo um pedaço de tapete a servir de cobertor. Nessa cama o senhor Taylor descansava de dia e de noite.
O senhor Taylor, sem qualquer palavra de desculpa, deitou-se na cama, e travamos a palestra mais preciosa da minha vida. Toda a ideia que eu tinha das qualificações para ser um "grande homem" foi completamente mudada; não havia nele coisa alguma do espírito de superioridade. Vi nele o ideal de Cristo, da verdadeira grandeza, tão evidente que permanece ainda no meu coração, através dos anos, até o presente momento. Hudson Taylor reconhecia profundamente que, para evangelizar os milhões da China, era imperioso que os crentes na Inglaterra mostrassem muito mais abnegação e sacrifício. Mas como podia ele insistir em sacrifício sem primeiramente praticá-lo na sua própria vida? Assim ele, deliberadamente, cortou da sua vida toda a aparência de conforto e luxo. 
Nas viagens pelo interior da China, ele, invariavelmente, se levantava para passar uma hora com Deus antes de clarear o dia, às vezes, para depois dormir novamente. Quando eu despertava para alimentar os animais, sempre o achava lendo a Bíblia à luz de vela. Fosse qual fosse o ambiente ou o barulho nas hospedarias imundas, não descuidava do hábito de ler a Bíblia.

Outro segredo do seu grande êxito em levar a mensagem de salvação ao interior da China era a determinação de que a obra não somente continuasse com caráter internacional, mas também interdenominacional - que aceitasse missionários dedicados a Deus, de qualquer nação ou denominação.

Depois da visita de Hudson Taylor ao Canadá, aos EUA e à Suécia, em 1888 e 1889, a Missão no Interior da China gozou de um dos maiores impulsos para avançar em todos os anais da história de missões.

A gloriosa colheita de almas na China aumentava cada vez mais. Mas a situação política do país piorava dia após dia até culminar na carnificina dos Boxers, no ano de 1900, quando centenas de crentes foram mortos. Somente da Missão no Interior da China pereceram cinquenta e oito missionários, e vinte e um de seus filhos.

Quando visitava as igrejas na China, sem ninguém esperar, nem ele mesmo, findou a sua carreira na terra. Seu passamento aconteceu na cidade de Chang-sha em 3 de junho de 1905.

Muitas foram as cartas de condolências recebidas de fiéis filhos de Deus do mundo inteiro. Emocionantes foram os cultos celebrados em vários países, em sua memória. Impressionantes foram os artigos e livros impressos acerca das suas vitórias na obra de Deus. Mas as vezes mais destacadas , as que Hudson Taylor mais apreciaria, se pudesse ouvi-las, eram as das muitas crianças chinesas, que, cantando louvores a Deus, deitaram flores sobre o seu túmulo.


(trecho extraído literalmente do livro "Heróis da fé". Orlando Boyer. Ed: CPAD. 48ª impressão / Janeiro 2013. pgs. 165 a 186)

terça-feira, 10 de setembro de 2013

John Paton (1824 - 1907)






Tiago Paton, fabricante de meias no condado de Dunfries, e sua esposa Janete, andavam, como Zacarias e Isabel na antiguidade, irrepreensíveis perante o Senhor. Ao nascer-lhes o primogênito, deram-lhe o nome de João, dedicando-o solenemente a Deus, com oração, para ser missionário aos povos que não tinham oportunidade de conhecer a Cristo.

Até que ponto fui impressionado nesse tempo pelas orações de meu pai, não posso dizer, nem ninguém pode compreender. Quando de joelhos, e todos nós ajoelhados em redor dele no culto doméstico, ele derramava toda a sua alma em oração, com lágrimas - não só por todas as necessidades pessoais e domésticas, mas também pela conversão da parte do mundo onde não havia pregadores para servirem a Jesus -, sentíamo-nos na presença do Salvador vivo e chegamos a conhecê-lo e a amá-lo como nosso Amigo divino. Ao levantarmo-nos da oração, eu costumava olhar para a luz do rosto do meu pai e cobiçava o mesmo espírito; anelava, em resposta às suas orações, a oportunidade de me preparar e sair, levando o bendito Evangelho a uma parte do mundo então sem missionários.

Durante os três anos de estudos em Glasgow, apesar de trabalhar com as próprias mãos para se sustentar, John Paton, no gozo do Espírito Santo, fez uma grande obra na seara do Senhor. Contudo, soava-lhe constantemente aos ouvidos o clamor dos selvagens nas ilhas do Pacífico e isso foi, antes de tudo, o assunto que ocupava as suas meditações e orações diárias. Havia outros para continuar a obra que fazia em Glasgow, mas quem desejava levar o Evangelho a esses pobres bárbaros?!

Fui levado ao maior desespero. Ao vê-los na sua nudez e miséria, senti tanto horror como compaixão. Eu tinha deixado a obra entre os amados irmãos em Glasgow, obra em que sentia muito gozo, para dedicar-me a criaturas tão degeneradas. Perguntei-me a mim mesmo: "É possível ensiná-las a distinguir entre o bem e o mal, e levá-las a Cristo, ou mesmo a civilizá-las?" Mas tudo isso eram apenas sentimentos passageiros. Logo senti um desejo tão profundo de levá-los ao conhecimento e amor de Jesus, como jamais sentira quando trabalhava em Glasgow.

Mas enquanto os selvagens gritavam e se empenhavam em conflitos sangrentos, os missionários entregavam-se à oração por eles.

Os missionários, então, nesse ambiente da mais repugnante superstição, da mais baixa crueldade e da mais flagrante imoralidade, esforçavam-se para aprender a usar todas as palavras possíveis desse povo que não conhecia a escrita. Anelavam falar de Jesus e do amor de Deus a esses seres que adoravam árvores, pedras, fontes, riachos, insetos, espíritos dos homens falecidos, relíquias de cabelos e unhas, astros, vulcões, etc.

Paton não somente conseguiu reduzir a língua dos tanianos à forma escrita, mas também traduziu uma parte das Escrituras.

Planejou então ocupar-se na obra de tradução do resto dos evangelhos na língua taniana, enquanto esperava a oportunidade de voltar a Tana. Porém, sentiu-se dirigido a aceitar a chamada para ir à Austrália. Em poucos meses, animou as igrejas ali a comprarem um navio a vela para servir aos missionários. Despertou-as, também, a contribuírem liberalmente e a enviarem mais missionários a evangelizar todas as ilhas.


(trecho extraído literalmente do livro "Heróis da fé". Orlando Boyer. Ed: CPAD. 48ª impressão / Janeiro 2013. pgs. 151 a 163)

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

David Livingstone (1813 - 1873)






Os pais de David criaram seus filhos no temor do Senhor. O lar era sempre alegre e servia como notável modelo de todas as virtudes domésticas. Não se perdia uma hora durante os sete dias da semana, e o domingo era esperado e honrado como o dia de descanso. Com a idade de 9 anos, David ganhou um Novo Testamento, prêmio oferecido ao repetir de cor o capítulo mais comprido da Bíblia, o salmo 119.

Para aprender a língua e os costumes do povo, nosso pioneiro passava o tempo viajando e vivendo entre os indígenas. Ele assentava-se com os africanos ao redor do fogo, ouvindo as lendas dos seus heróis. Livingstone, por sua vez, contava-lhes as preciosas e verdadeiras histórias de Belém, da Galiléia e da cruz.

Não parou com os estudos enquanto viajava, fazendo mapas dos rios e serras do território percorrido.

Depois de Livingstone se casar, a Escola Dominical em Mabotsa transformou-se em escola diária e tinha como professora a esposa do missionário. Schele, o chefe da tribo, tornou-se grande estudante da Bíblia, mas queria "converter" todo o seu povo à força de litupa, isto é, chicote de couro de rinoceronte. Era costume de Livingstone começar o dia com culto doméstico e não é de admirar que o chefe o adotasse também.

O guia do grupo, Romotobi, conhecia o segredo de subsistir no deserto, cavando com as mãos e chupando a água debaixo da areia por meio de um canudo.

Livingstone ficou convicto de que o interior da África não era um grande deserto como o mundo de então supunha, e o seu coração ardia com o desejo de achar uma via fluvial. Assim, outros missionários poderiam ir para o interior do continente com a mensagem de Cristo.

Foi em junho de 1851 que descobriu o maior rio da África Oriental, o Zambeze, rio do qual o mundo de então nunca ouvira falar.

Livingstone, convicto de que era a vontade de Deus que saísse para estabelecer outro centro de evangelização, e com indômita fé de que o Senhor supriria todo o necessário para cumprir a sua vontade, avançava sem vacilar.

Ó Jesus, rogo que me enchas agora com o teu amor e me aceites e me uses um pouco para a tua glória. Até agora não fiz nada para ti, mas quero fazer algo. Oh! Eu te imploro que me aceites e me uses e que seja tua toda a glória. Escreveu mais ainda: "Não valeria coisa alguma o que possuo ou o que possuirei, a não ser em relação ao reino de Cristo. Se alguma coisa que tenho pode servir para o teu reino, dar-lha-ei a Ele, a quem devo tudo neste mundo e durante a eternidade."

Nas memórias que escrevia diariamente, nota-se como admirava as lindas paisagens de um continente que o mundo julgava ser um vaso deserto.

Suas cartas revelam a sua angústia de espírito ao ver os horrores do povo africano massacrado e arrebatado dos seus lares, conduzido como gado para ser vendido no mercado. 

Por fim, após uma ausência de dezessete anos da pátria, regressou à Inglaterra. Na Inglaterra, foi aclamado e honrado como heróico descobridor e grande benfeitor da humanidade.

Uma das muitas coisas que levou a efeito, enquanto na Inglaterra, foi a de escrever seu livro. Viagens Missionárias alcançou enorme circulação e produziu mais interesse na questão africana do que qualquer movimento anterior.

Com a idade de 46 anos, Livingstone, acompanhado de sua esposa e filho mais novo, Oswald, embarcou novamente para a África.

Em 1862 a esposa reuniu-se a ele novamente e acompanhava-o nas viagens, mas três meses depois faleceu, vítima da febre.

Chorei-a porque merece as minhas lágrimas. Amei-a ao nos casarmos, e quanto mais tempo vivíamos juntos, tanto mais a amava. Que Deus tenha piedade dos filhos...

Os crentes e amigos na Inglaterra, animados pela visão de Livingstone, começaram a orar e enviar-lhe dinheiro para continuar sua obra no continente negro.

Na expedição que iniciou em Zanzibar, descobriu os lagos Tanganyka (1867), Moero (1867) e Bangueolo (1868). A oração e a Palavra de Deus foram o seu sustento espiritual durante esses anos de provações, que sofria por parte dos negociantes de escravos.

"O mundo acha que busco fama, porém eu tenho uma regra, isto é, não leio coisa alguma sobre os elogios que me fazem".

Livingstone podia voltar  e descansar entre amigos, com todo o conforto, mas preferiu ficar e realizar seu anelo de abrir o continente africano ao Evangelho.

A 1º de maio de 1873, fiel Susi achou seu bondoso mestre de joelhos, ao lado da cama, morto. Orou enquanto viveu e partiu deste mundo orando!

Os dois fieis companheiros, Susi e Chuman, enterraram o coração de Livingstone debaixo de uma árvore em Chitambo, secaram e embalsamaram o corpo e o levaram até a costa.

O corpo, depois de chegar em Zanzibar, foi transportado para a Inglaterra, onde foi sepultado na abadia de Westminster, entre os monumentos dos reis e heróis daquela nação.

Todas as viagens que realizou foram viagens missionárias.

Gravadas no seu túmulo podem ser lidas estas palavras:

O coração de Livingstone jaz na África, seu corpo descansa na Inglaterra, mas sua influência continua.


(trecho extraído literalmente do livro "Heróis da fé". Orlando Boyer. Ed: CPAD. 48ª impressão / Janeiro 2013. pgs. 135 a 149)

domingo, 8 de setembro de 2013

George Muller (1805 - 1898)




Logo depois de abandonar sua vida de vícios para andar com Deus, chegou a reconhecer o erro, mais ou menos universal, de ler muito acerca da Bíblia e quase nada da Bíblia. Esse Livro tornou-se a fonte de toda a sua inspiração e o segredo do seu maravilhoso crescimento espiritual. Ele mesmo escreveu:

O Senhor me ajudou a abandonar os comentários e a usar a simples leitura da Palavra de Deus como meditação. O resultado foi que, quando, à primeira noite, fechei a porta do meu quarto para orar e a meditar sobre as Escrituras, aprendi mais em poucas horas do que antes durante alguns meses. A maior diferença, porém, foi que recebi, assim, força verdadeira para a minha alma.

Antes de falecer, disse que lera a Bíblia inteira cerca de duzentas vezes, cem vezes o fez estando de joelhos.

Certo pregador, pouco tempo antes da morte de George Muller, perguntou-lhe se orava muito. A resposta foi esta:

Algumas horas todos os dias. E ainda vivo no espírito de oração; oro enquanto ando, enquanto deitado e quando me levanto. Estou constantemente recebendo respostas. Uma vez persuadido de que certa coisa é justa, continuo a orar até receber. Nunca deixo de orar!.... Milhares de almas têm sido salvas em resposta às minhas orações.... Espero encontrar dezenas de milhares delas no céu... O grande ponto é nunca cansar de orar antes de receber a resposta. Tenho orado cinquenta e dois anos, diariamente, por dois homens, filhos de um amigo da minha mocidade. Não são ainda convertidos, porém espero que o venham a ser. Como pode ser de outra forma? Há promessas inabaláveis de Deus e sobre elas eu descanso.

Quando começou a provar as promessas de Deus, ficou comovido pelo estado dos órfãos e pobres crianças que encontrava nas ruas. Reuniu algumas dessas crianças para comer consigo às 8 horas da manhã e, a seguir, durante uma hora e meia, ensinava-lhes as Escrituras. A obra aumentou rapidamente.

Ao mesmo tempo, George Muller fundou a Junta para o Conhecimento das Escrituras na Nação e no Estrangeiro. Os alvos eram: 1) Auxiliar as escolas bíblicas e as escolas dominicais; 2) Espalhar as Escrituras; 3) Aumentar a obra missionária.

Era seu costume - e recomendava também aos irmãos - manter um livro onde, numa página assentava seu pedido com a data em que fora feito e no lado oposto a data em que recebera a resposta. Dessa maneira, foi levado a desejar respostas concretas aos seus pedidos, sem que houvesse dúvida acerca dessas respostas.

Com o aumento do orfanato e do serviço de pastorear os quatrocentos membros de sua igreja. George Muller  achou-se demasiadamente ocupado para orar. Foi nesse tempo que chegou a reconhecer que o crente poderia fazer mais em quatro horas, depois de uma em oração, do que em cinco sem oração. Essa regra ele a observou fielmente durante sessenta anos.


(trecho extraído literalmente do livro "Heróis da fé". Orlando Boyer. Ed: CPAD. 48ª impressão / Janeiro 2013. pgs. 123 a 134)

sábado, 7 de setembro de 2013

Charles Finney (1792 - 1875)





Diz-se  acerca desse pregador - Charles Finney - que, depois de ter ministrado a Palavra em Governeur, no Estado de New York, não houve baile nem representação de teatro na cidade durante seis anos. Calcula-se que, durante os anos de 1857 e 1858, mais de 100 mil pessoas foram ganhas para Cristo pela obra direta e indireta de Finney.

Abaixo das Sagradas Escrituras, alguns consideram o livro Teologia Sistemática, de sua autoria, a maior obra sobre teologia que existe.

Quando me acordei, de manhã, a luz do sol penetrava no quarto. Faltam-me palavras para exprimir os meus sentimentos ao ver a luz do sol. No mesmo instante, o batismo do dia anterior voltou sobre mim. Ajoelhei-me ao lado da cama e chorei pelo gozo que sentia. Passei muito tempo sem poder fazer coisa alguma senão derramar a alma perante Deus.

Assim, esse advogado, Charles G. Finney, perdeu todo o gosto pela sua profissão e se tornou um dos mais famosos pregadores do Evangelho. Acerca de seu método de trabalhar, ele escreveu:

Dei grande ênfase à oração como indispensável, se realmente queríamos um avivamento. Ensinava-me por ensinar a propiciação de Jesus Cristo, sua divindade, sua missão divina, sua vida perfeita, sua morte vicária, sua ressurreição, a necessidade de arrependimento e de fé, a justificação pela fé, e outras doutrinas que se tornaram vivas pelo poder do Espírito Santo.
Os meios empregados eram simplesmente pregação, cultos de oração, muita oração em secreto, intensivo evangelismo pessoal e cultos para a instrução dos interessados.
Eu tinha o costume de passar muito tempo orando; acho que, às vezes, orava realmente "sem cessar". Achei, também, grande proveito em observação frequentemente dias inteiros de jejum em secreto. Em tais dias, para ficar inteiramente sozinho com Deus, eu entrava na mata, ou me fechava dentro do templo...

Acerca do espírito de oração, Finney afirmou que "era coisa comum nesses avivamentos os recém-convertidos se acharem tomados pelo desejo de orar noites inteiras até lhe faltarem as forças físicas". Era muito comum encontrar crentes juntos, caídos de joelhos em oração, em vez de ocupados em palestras.


(trecho extraído literalmente do livro "Heróis da fé". Orlando Boyer. Ed: CPAD. 48ª impressão / Janeiro 2013. pgs. 111 a 122)

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Adoniram Judson (1788 - 1850)




Magro e enfraquecido pelos sofrimentos e privações, o missionário foi conduzido entre o gado e os mais endurecidos criminosos, a chicotadas e sobre a areia ardente, para a prisão. Sua esposa conseguiu entregar-lhe um travesseiro para que pudesse dormir melhor no duro solo do cárcere. Porém, ele descansava ainda melhor porque sabia que dentro do travesseiro, que tinha abaixo da cabeça, estava escondida a preciosa porção da Bíblia que traduzira com grandes esforços para a língua do povo que o perseguia.

Judson escreveu à noiva: "Em tudo que faço, pergunto a mim mesmo: Isto agradará ao Senhor? ... Hoje alcancei maior grau do gozo de Deus; tenho sentido grande alegria perante o seu trono."

Judson, com quatro dos seus colegas, reuniram-se junto a um montão de feno para orar e ali solenemente dedicar, perante Deus, suas vidas a levar o Evangelho "aos confins da Terra". Não havia qualquer junta de missões para os enviar. Contudo, Deus honrou a dedicação dos moços, tocando nos corações dos crentes para suprirem o dinheiro.

Adoniram , depois de despedir-se de seus pais para iniciar sua viagem à Índia, foi acompanhado até Boston por seu irmão, Elnatã, moço ainda não salvo. No caminho, os dois apearam dos seus cavalos, entraram na floresta e lá, de joelhos, Adoniram rogou a Deus que salvasse seu irmão. Quatro dias depois, os dois se separaram para não se verem mais neste mundo. Alguns anos mais tarde, entretanto, Adoniram teve notícias de que seu irmão recebera também a herança no reino de Deus.

O império da Birmânia de então era mais bárbaro, e de língua e costumes mais estranhos do que qualquer outro país que os Judson tinham visto. Ao desembarcarem os dois, em resposta às orações feitas durante as longas vigílias da noite, foram sustentados por uma fé invencível e pelo amor divino que os levava a sacrificar tudo para que a gloriosa luz do Evangelho raiasse também nas almas dos habitantes desse país.

Recusou o emprego de intérprete do governo, com salário elevado, escolhendo antes sofrer as maiores privações e o opróbrio, a fim de ganhar as almas dos pobres birmaneses para Cristo.

Judson perseverou durante vinte anos para completar a maior contribuição que se podia fazer à Birmânia: a tradução da Bíblia inteira na própria língua do povo.

Adoniram Judson costumava passar muito tempo orando de madrugada e de noite. Diz-se que gozava da mais íntima comunhão com Deus enquanto caminhava apressadamente. Os filhos, ao ouvirem seus passos firmes e resolutos dentro do quarto, sabiam que seu pai estava levando suas orações ao trono da graça. Seu conselho era: Planeja os teus negócios, se for possível, para passares duas a três horas, todos os dias, não só em adoração a Deus, mas orando em secreto.


(trecho extraído literalmente do livro "Heróis da fé". Orlando Boyer. Ed: CPAD. 48ª impressão / Janeiro 2013. pgs. 101 a 109)

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Henrique Martyn (1781-1812)



Tinha por costume levantar-se cedo, de madrugada, e andar sozinho pelos campos para desfrutar de comunhão íntima com Deus.

Ao embarcar para a Índia, em 1805, escreveu: "Se eu viver ou morrer, que Cristo seja magnificado pela colheita de multidões para Ele."

Ele se aplicava mais e mais, sem se cansar, dia após dia, a aprender a língua. Não desanimava com a falta de fruto da sua pregação, reconhecendo ser de maior importância traduzir as Escrituras e colocá-las nas mãos do povo.Com esse alvo, perseverava cuidadosamente no trabalho de tradução, aperfeiçoando a obra pouco a pouco, e parando de vez em quando para pedir o auxílio de Deus.

Para suprir os povos da Índia e da Pérsia com a Bíblia em suas próprias línguas, Martyn aplicou-se à obra de tradução das Escrituras de dia e de noite, até mesmo quando descansava e quando em viagem.

"Parece", escreveu ele, "que posso orar para sempre sem nunca cansar. Quão doce é andar com Jesus e morrer por Ele..." Para ele, a oração não era uma formalidade, mas o meio certo de quebrantar os endurecidos e vencer os adversários.

Além de pregar, conseguiu traduzir porções das Sagradas Escrituras para as línguas de uma quarta parte de todos os habitantes do mundo. O Novo Testamento em hindu, hindustão e persa e os evangelhos em judaico-persa são apenas uma parte das suas obras.


(trecho extraído literalmente do livro "Heróis da fé". Orlando Boyer. Ed: CPAD. 48ª impressão / Janeiro 2013. pgs. 95 a 99)



quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Christmas Evans (1766-1838)





Foi chamado, também, o "John Bunyan de Gales", porque era o pregador que, na história desse país, desfrutava mais do poder do Espírito Santo. Em todo lugar onde pregava, havia grande número de conversões. Seu dom de pregar era tão extraordinário que, com toda a facilidade, podia levar um auditório de 15 a 20 mil pessoas, de temperamentos e sentimentos vários, a ouvi-lo com a mais profunda atenção. Nas igrejas, não cabiam as multidões que iam ouvi-lo durante o dia.; à noite, sempre pregava ao ar livre, sob o brilho das estrelas.

Durante a sua mocidade, viveu entregue à devassidão e à embriaguez. Numa luta, foi gravemente esfaqueado; outra vez foi tirado das águas como morto e, ainda doutra vez, caiu de uma árvore sobre uma faca. Nas contendas era sempre o campeão, até que, por fim, numa briga, seus companheiros cegaram-lhe um olho. Deus, contudo, fora misericordioso durante esse período, guardando-o com vida para, mais tarde, fazê-lo útil no seu serviço.

Seus sermões eram secos e sem fruto até que, um dia, em viagem para Maentworg, segurou seu cavalo e entrou na mata, onde derramou a sua alma em oração a Deus.

Era corajoso como um leão e humilde como um cordeiro; não vivia para si, mas para Cristo.

No sul de Gales andava a pé, pregando, às vezes, cinco sermões num só dia. Apesar de não andar bem vestido e de possuir maneiras desastrosas, grandes multidões afluíam para ouvi-lo.

O grande avivamento vivido pelo pregador contagiou o povo em todos os lugares da ilha de Anglesey e em todo o principado de Gales.

A sua firme convicção era de que nem a melhor pessoa pode salvar-se sem a operação do Espírito Santo e nem o coração mais rebelde pode resistir ao poder do mesmo Espírito.

Como vigia fiel, não podia pensar em dormir enquanto a cidade se incendiava. Humilhava-se perante Deus, agonizando pela salvação de pecadores.


(trecho extraído literalmente do livro "Heróis da fé". Orlando Boyer. Ed: CPAD. 48ª impressão / Janeiro 2013. pgs. 89 a 93)


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Guilherme William Carey (1761-1834)





O menino Guilherme Carey era apaixonado pelo estudo da natureza.

Diz-se que Guilherme Carey, fundador das missões atuais, não era dotado de inteligência superior e nem de qualquer dom que deslumbrasse os homens. Entretanto, foi essa característica de persistir, com espírito indômito e inconquistável, até completar tudo quanto iniciara, que fez o segredo do maravilhoso êxito da sua vida.

Deixou o Senhor utilizar-se de sua vida, não somente para evangelizar durante um período de quarenta e um anos no estrangeiro, mas também para executar a façanha, por incrível que pareça, de traduzir as Sagradas Escrituras em mais de trinta línguas.

Tomava emprestados livros para estudar e, apesar de viver em pobreza, adquiria alguns livros usados. Um de seus métodos para aumentar o conhecimento de outras línguas consistia em ler diariamente a Bíblia em latim, em grego e em hebraico.

Na sua tenda de sapateiro, afixou na parede um grande mapa-múndi que ele mesmo desenhara cuidadosamente. Incluíra nesse mapa todos os dizeres disponíveis: o número exato da população, a flora e a fauna, as características dos habitante, etc., de todos os países. Enquanto consertava sapatos, levantava os olhos, de vez em quando, para o mapa, e meditava sobre as condições dos vários povos e a maneira de os evangelizar. Foi assim que sentiu mais e mais a chamada de Deus para preparar a Bíblia para os muitos milhões de hindus, na própria língua deles.

Esforçou-se ininterruptamente, orando, escrevendo e falando sobre o tema que lhe fazia palpitar o coração: levar Cristo a todas as nações.

Discursou sobre a importância de esperar grandes coisas de Deus e, em seguida, enfatizou a necessidade de tentar grandes coisas para Deus.

O que mais sentiu foi quando a sua esposa recusou-se terminantemente deixar a Inglaterra com os filhos. Carey estava tão certo de que Deus o chamava para trabalhar na Índia que nem por isso vacilou.

Ao despedir-se dela, disse: "Se eu possuísse o mundo inteiro, daria alegremente tudo pelo privilégio de levar-te e os nossos queridos filhos comigo; mas o sentido do meu dever sobrepuja todas as outras considerações. Não posso voltar para trás sem incorrer em culpa a minha alma".

A viagem à vela não era tão cômoda como nos vapores modernos. Apesar dos temporais, Carey aproveitou-se do ensejo para estudar o bengali e ajudar um dos missionários na obra de verter o livro de Gênesis para esta língua indiana.

Carey percebeu a necessidade imperiosa de o povo possuir a Bíblia na própria língua e, sem demora, entregou-se à tarefa de traduzi-la. A rapidez com que aprendeu as línguas da Índia é uma admiração para os maiores linguistas.

Ninguém sabe quantas vezes o nosso herói se mostrou desanimadíssimo na Índia. A esposa não tinha interesse nos esforços de seu marido e enlouqueceu. A maior parte dos ingleses com quem Carey teve contato o tinham como louco; durante quase dois anos nenhuma carta da Inglaterra lhe chegou às mãos. Muitas vezes faltava aos seus dinheiro e alimento.

Quando um de seus filhos começou a pregar, Carey escreveu: "Meu filho, Félix, respondeu à chamada para pregar o Evangelho." Anos depois, quando esse filho aceitou o cargo de embaixador da Grã-bretanha no Sião, o pai, desapontado e angustiado, escreveu para um amigo: "Félix encolheu-se até tornar-se um embaixador!"

Calcula-se que tenha traduzido a Bíblia para a terça parte dos habitantes do mundo.



(trecho extraído literalmente do livro "Heróis da fé". Orlando Boyer. Ed: CPAD. 48ª impressão/ Janeiro 2013. pgs. 81 a 88)


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

David Brainerd (1718-1747)




"Oh! uma hora com Deus excede infinitamente todos os prazeres do mundo."

Um dos maiores pregadores atuais, referindo-se a esse diário, declarou: "Foi Brainerd quem me ensinou a jejuar e orar. Cheguei a saber que se fazem maiores coisas por meio de contato cotidiano com Deus do que por pregações".

"Assim, passei a tarde orando incessantemente, pedindo o auxílio divino para que eu não confiasse em mim mesmo. O que experimentei, enquanto orava, foi maravilhoso. Parecia-me que não havia nada de importância em mim, a não ser a santidade de coração e vida, e o anelo pela conversão dos pagãos a Deus. Desapareceram todos os cuidados, receios e anelos; todos juntos pareciam-me de menor importância que o sopro do vento. Anelava que Deus adquirisse para si um nome entre os pagãos, e lhe fiz o meu apelo com a maior ousadia, insistindo em que Ele reconhecesse que 'eu o preferia à minha maior alegria'. De fato, não me importava onde ou como morava, nem a fadiga que tinha de suportar, se pudesse ganhar almas para Cristo. Continuei assim toda a tarde e toda a noite."

Ele andava, às vezes, perdido de noite no ermo, apanhando chuva e atravessando montanhas e pântanos. Franzino de corpo, cansava-se nas viagens. Tinha de suportar o calor do verão e o intenso frio do inverno. Dias a fio passava-os com fome.

Porém, reconhecia que não podia viver, por causa da sua doença, mais que um ou dois anos, e resolveu então "arder até o fim".

"Eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim até aos confins da terra; envia-me aos selvagens do ermo; envia-me para longe de tudo que se chama conforto da terra; envia-me mesmo para a morte, se for no teu serviço e para promover o teu reino...
Adeus, amigos e confortos terrestres, mesmo os mais anelados de todos. Se o Senhor quiser, gastarei a minha vida, até os últimos momentos, em cavernas e covas da terra, se isso servir para o progresso do reino de Cristo."

Quando, no seu leito de sofrimento, viu alguém entrar no quarto com a Bíblia, exclamou: "Oh, o querido Livro! Breve hei de vê-lo aberto. Os seus mistérios me serão então desvendados!"

O desejo veemente da vida de David Brainerd era o de arder como uma chama, por Deus, até o último momento, como ele mesmo dizia: "Anelo ser uma chama de fogo, constantemente ardendo no serviço divino, até o último momento, o momento de falecer".

Brainerd findou a sua carreira terrestre aos 29 anos. Contudo, apesar de sua grande fraqueza física, fez mais que a maioria dos homens faz em setenta anos.


(trecho extraído literalmente do livro "Heróis da fé". Orlando Boyer. Ed: CPAD. 48ª impressão/ Janeiro 2013. pgs. 71 a 79)