O que vamos transcrever, escrito pela mãe de John, mostra como ela era fiel em "ordenar a seus filhos e a sua casa depois" dela (Gn 18:19): "Para formar a mente da criança, a primeira coisa é vencer-lhe a vontade. A obra de instruir o intelecto leva tempo e deve ser gradual, conforme a capacidade da criança. Mas o subjugar-lhe a vontade deve ser feito de uma vez, e quanto mais cedo tanto melhor ... Depois, pode-se governar a criança pela razão e piedade dos pais, até chegar o tempo de a criança poder também exercer o raciocínio".
Suzana Wesley acreditava que "aquele que poupa a vara, aborrece a seu filho" (Pv 13:24), e não consentia que seus filhos chorassem em voz alta. Assim, apesar de a casa estar repleta de crianças, nunca havia tempos tristonhos nem balbúrdia no lar do pastor. Um filho jamais ganhou coisa alguma chorando na casa de Suzana Wesley.
Nunca se omitia o culto doméstico da programação do dia no lar de Samuel Wesley. Fosse qual fosse a ocupação dos membros da família, ou dos criados, todos se reuniam para adorar a Deus.
Enquanto estudava em Oxford, juntava-se a um pequeno grupo de estudantes para orar, estudar as Escrituras diariamente, jejuar às quartas e sextas-feiras, visitar os doentes e encarcerados e confortar os criminosos na hora da execução. Todas as manhãs e todas as noites, cada um passava uma hora orando sozinho em oculto. Durante as orações, paravam de vez em quando para observar se clamavam com o devido fervor. Sempre oravam ao entrar e ao sair dos cultos na igreja.
As primeiras três horas do dia eram dedicadas à oração e ao estudo das Escrituras.
A influência dos seus sermões foi tal que, depois de dez dias, uma sala de baile ficou quase inteiramente abandonada, enquanto a igreja se enchia de pessoas que oravam e eram salvas.
Fracassara na sua primeira tentativa de pregar o Evangelho na América porque, apesar de seu zelo e bondade de caráter, o cristianismo que possuía era uma coisa que recebera por instrução. Mas a segunda etapa de seu ministério destacou-se por um êxito fenomenal. E porque o fogo de Deus ardia na sua alma, chegara a ter contato direto com Deus através de uma experiência pessoal.
John Wesley pregou cerca de setecentas e oitenta vezes por ano, durante cinquenta e quatro anos.
Embora enfrentasse a apatia espiritual quase geral dos crentes, a par de uma onda de devassidão e crimes no país inteiro, multidões de 5 mil a 20 mil afluíam para ouvir seus sermões.
Como todos os que invadem o território de satanás, os irmãos Charles e John Wesley tinham de sofrer terríveis perseguições.
Diversas vezes John Wesley foi apedrejado e arrastado como morto, na rua. Certa vez foi espancado na boca, no rosto e na cabeça até ficar coberto de sangue.
Os descrentes não gostavam dele porque "levou o povo a se levantar para cantar hinos às cinco da madrugada."
Nas suas viagens, andava tanto a cavalo como a pé, ora em dias ensolarados, ora sob chuvas, ora em temporais de neve.
Não nos devemos esquecer da fonte desse vigor que John Wesley manifestava. Passava duas horas diariamente em oração, e muitas vezes mais. Certo crente que o conhecia intimamente assim escreveu acerca dele: "Considerava a oração a coisa mais importante da sua vida, e eu o tenho visto sair do quarto com uma serenidade de alma visível no rosto até quase brilhar".
Pouco antes da sua morte, escreveu: "Hoje passamos o dia em jejum e oração para que Deus alargasse a sua obra. Só encerramos depois de uma noite de vigília, na qual o coração de muitos irmãos foi grandemente confortado".
John Wesley nasceu e criou-se em um lar onde não havia abundância de pão. Com a venda dos livros de sua autoria, ganhou uma fortuna, com a qual contribuía para a causa de Cristo. Ao falecer, deixou no mundo "duas colheres, uma chaleira de prata, um casaco velho" e dezenas de milhares de almas, salvas em épocas de grande decadência espiritual.
(trecho extraído literalmente do livro "Heróis da fé". Orlando Boyer. Ed: CPAD. 48ª impressão/Janeiro 2013. pgs. 47 a 59)